quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pensamento solto

Eu ando por ai distribuindo sorrisos e mostrando uma alegria que nem sei de onde vem. Talvez do descontentamento de saber-me triste.
Sorrio, porque é a melhor maquiagem. E não custa nada. E funciona.
Eu mesma acredito na minha felicidade quando me olho no espelho.
À noite, uso todo tipo de creme.
Para os olhos, para o rosto, para as mãos... gel nos dentes...
Mas para tristeza não tem receita de uso tópico.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Então o menino tinha receio de dizer o que queria...
Assim, mocinho, ela não pode te ajudar.
Ela é decidida demais para ficar entre parenteses, entre aspas, entre homens.
Ela é grande demais para a pequenez de uma incerteza
Um medo
Uma cautela
Ela vai. E quer quem vá com ela
Sem cara pintada, sem medo, sem perguntas
Sem respostas, até
Ela gosta de quem vai de peito aberto
Sentindo a alegria do hoje, do agora, do instante-já
Ela sonha com aquele que anda na chuva
E gosta de correr sentindo o vento no rosto
E quer cachorros, jardim, árvore com frutas - como ela
Sonha com o moço do sorriso nos canto dos olhos
Da poesia dos dias cizas
Das alegrias simples...
O moço do verbo fazer
Do verbo amar
Do verbo se doar
Sem o famoso pé atrás
Sem "mas"
Quer um ano com estações primavera
Todos os dias de cor azul
Sol
Uma bicicleta
E um moço
De sobrenome atitude.

Das tristezas do caminho

Ontem dei uma revirada na minha caixa de lembranças e recordações. Para a minha surpresa me deparei com o cara pelo qual me apaixonei, ali, em um envelope branco, com linhas mal traçadas e com código postal de um país tão distante... Tão distante quanto você está agora.
Engraçado que nas minhas lembranças do lado de fora da caixa, já não encontrava você assim, tão terno, tão doce, tão carinhoso, tão perto (que ironia!)...
É como se fizesse muito, mas muito tempo da data da carta. E, na verdade, não faz. Faz muitas história, muitas brigas, muitos "eu te amos", mas tempo mesmo, quase nada...
Nessa viagem ao fundo da caixa, encontrei outra coisa que me deixou muito "perturbada", encontrei amor ali, sim, amor, de verdade (será?), daqueles bem cafonas, que diz coisas piegas sem medo do ridículo, com versos rimados, cartãozinho romantico e cheirinho de perfume borrifado na carta, pode isso?
Encontrei o motivo que procurava. O motivo por eu ter me entregado, por eu ter acreditado, por eu ter fechado os olhos e aberto o coração. Eu não estava sozinha. Ou, pelo menos, não parecia estar. Não naquele exato momento, em que meu coração sangrava e estava tão apertado quanto um nó na garganta.
Depois parece que o tempo acabou dando um jeito nas coisas do lado de lá... Mas o lado de cá ficou do mesmo jeito. Porque, no fundo, gostava de sentir saudade, de amar, de esperar (porque alguém, em algum lugar, havia dito que "quem espera sempre alcança") e esse coração, meu deus!, precisava alcançar! Precisava que aquele amor todo que foi prometido de tão longe, estivesse um dia perto. E bastava esperar (pensei), foi o que fiz. E, honestamente, não me arrependo. Teria esperado de novo, e de novo, e de novo.
Futucando bem, lá atrás, também encontrei resposta para a pergunta que vive martelando na minha cabeça: "onde foi que eu errei?", e, mais uma vez, encontrei a resposta: eu não errei. O verbo foi outro, eu Amei. "E amei, ai de mim, muito mais do que devia"...
Não fui correspondida, paciência! Não fui correspondida, mas meu amor foi posto à prova. Acusaram-no de interesseiro e oportunista! Logo ele, tão imaturo, tão inocente. Como se o "objeto" de dedicação não fosse digno de ser amado. Foi talvez a primeira crueldade na nossa história. Até mais cruel que "o destino" nos separar. Não estava preparada para aquilo. Mas, como sempre, encarei de peito aberto e sem deixar a peteca cair... Acreditava em uma coisa maior.
Acredito em uma coisa maior. Sim. Ainda.
Encarei porque amor, pra mim, é decisão. E eu tinha decidido amar.
Você ama por decidir amar. Decisão equivale a "eliminar todas as outras alternativas". E eu fui eliminando, uma a uma(talvez não tivessem sido tantas, em uma única mão podia-se contar, mas eram ótimas alternativas).
Amor é algo prático, amor é ação.
Não adianta amar alguém e não fazer nada.
Não quero levantar bandeiras ao meu favor, mas eu amei. Amei e agi. Aos poucos fui me moldando ao que você achava ideal, ao que você queria que eu fosse. Perdi meus defeitos mais puros, porque você não gostava deles (tudo isso foi inconsciente, ou tentou ser). De tudo o que fui e que te incomodava, sobrou apenas o que você chama de ciúmes. Hoje sei que não passou de insegurança. E quando você disse que seu coração estava fechado, eu não apenas soube, eu tive certeza. Nesse momento eu tive milhões de certezas que antes eram apenas especulações.
Tive certeza que nos momentos em que me senti sozinha, não estava louca, estava sozinha mesmo. E que a falta de um cafuné, um afago, um elogio, não era a sua "maneira de amar", era falta de amor mesmo. E que não andar de mãos dadas na rua, não viajar sozinhos pro cú do mundo, não receber flores em datas comemorativas, era só o seu jeito de ser... Mentira... Era o seu jeito de não me amar e de dizer em caixa alta EU NÃO TE AMO. Meu deus!, onde eu estava que não vi isso? Talvez a falta dos óculos não me deixasse enxergar as coisas como elas são. Benditos óculos que agora me fazem ver.

Do príncipe ao fim

É que eu te encontrei ali, caido no chão, feito brinquedo velho que criança não quer mais.
Feito lixo mesmo, que adulto joga fora e nem quer saber pra onde vai. E eu não quis também.
Queria um outro brinquedo. Já tinha dona.
Mas eu passava por aquele canto e sempre te via ali, jogado, me olhando, como cachorro que a gente acha na rua e vem seguindo a gente, pedindo abrigo, amparo, carinho.
Um dia eu resolvi pegar. E meu coração não pegou o brinquedo velho da criança ou o lixo do adulto que não quis mais.
Meu coração te pegou feito presente. Desses que a vida dá pra gente e a gente tem que cuidar.
E foi o que fiz. Te cuidei. Segurei o seu coraçãozinho com as mãos e fui colando caquinho por caquinho, e eram tantos!
Quando achei que já estavam todos colados, olhei com orgulho e sorri. Feliz, por querer exatamente aquilo que eu tinha: você.
Segui sorrindo por algum tempo. Mas o tempo mesmo veio apagando esse meu sorriso. Você foi roubando as minhas cores, as minhas alegrias, o meu brilho no olhar...
E eu pensava, ainda, que poderia reverter a situação, afinal, achei você feito criança desamparada, abandonada, te dei carinho e abrigo aqui no peito, isso devia valer alguma coisa.
Achava que com amor e lápis de cor podia mudar o mundo.
Mas mais uma vez o tempo me mostrou o contrário.
Quando olhei de novo aquele coração que eu havia colado - tão bem!! eu pensava - ele estava cheio de arestas e farpas.
Quando me olhei no espelho, eu estava cheia de arranhões e machucados e farpas e edemas...
E minhas mãos sangravam e meu corpo estava em carne viva.
Eu sentia, claro, mas ainda não tinha enxergado.
Estava tão preocupada em curar as suas feridas, cuidar de você, que não percebia que cada abraço, cada carinho, cada afago que eu fazia pra te curar, era a mim que eu estava machucando.
E eu fui te cicatrizando e me ferindo, como o rolxinol, do Oscar Wilde, que canta com espinho cravado no peito para tingir, com seu próprio sangue, a rosa de vermelho.
Hoje eu colo o meu próprio coração, e, com lápis de cor e o amor que eu aprendi na vida, eu continuo a minha jornada. Não pretendo apagar as marcas do que me feriu.
Vou adiante com minhas cicatrizes, são a mais doce lembrança do que fui.
Sigo.
Sabendo que tudo se cura com hipoglós, merthiolate, sonrisal e algumas palavras doces.
Doce.
Um bom filme.
Bons amigos e chá.
"Sem pensar em mais nada, fecho os olhos para esquecer. Dorme, menina, repito no escuro, o sono também salva. Ou adia."
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Caio Fernando Abreu

Diálogo despretencioso em uma terça-feira à tarde, véspera de feriado

-... fica perto da igreja de Santa Mônica.
- Ah, eu não sou das santas, nem sei onde ficam as igrejas.
- (risos) não é das santas?
- Não. Sou budista.
- Vish, nem sei o que é ser budista.
- Ser budista significa ser feliz!

#ficaadicaempoucaspalavras

Das palavras certas

É que as palavras não me pegam
Acho que ando fugindo delas
Quando se aproxima alguma, não é das melhores
Então ignoro
É que palavra agora tem que ser das boas
Pessoas têm que ser das boas
Homens têm que ser dos bons
Aquela que aceitava qualquer palavra melancolia
Palavra tristeza
Palavra frieza
Palavra distância
Palavra mentira
Morreu
Nasce a moça das palavras-poema
Dos dias de sol
Dos abraços apertados
Dos sorrisos de canto de olho
Das noites ao luar
Do quase-medo de amar
Das lágrimas de alegria
Dos dias todos de bom dia
Re-nasce aquela que muitos já veem
Sem acento sem passado sem lenço documento sentimento atrasado
Aprendeu que a vida é agora
E pra ela só o que for melhor
Nada menos
Nada menor