terça-feira, 20 de setembro de 2011

Das tristezas do caminho

Ontem dei uma revirada na minha caixa de lembranças e recordações. Para a minha surpresa me deparei com o cara pelo qual me apaixonei, ali, em um envelope branco, com linhas mal traçadas e com código postal de um país tão distante... Tão distante quanto você está agora.
Engraçado que nas minhas lembranças do lado de fora da caixa, já não encontrava você assim, tão terno, tão doce, tão carinhoso, tão perto (que ironia!)...
É como se fizesse muito, mas muito tempo da data da carta. E, na verdade, não faz. Faz muitas história, muitas brigas, muitos "eu te amos", mas tempo mesmo, quase nada...
Nessa viagem ao fundo da caixa, encontrei outra coisa que me deixou muito "perturbada", encontrei amor ali, sim, amor, de verdade (será?), daqueles bem cafonas, que diz coisas piegas sem medo do ridículo, com versos rimados, cartãozinho romantico e cheirinho de perfume borrifado na carta, pode isso?
Encontrei o motivo que procurava. O motivo por eu ter me entregado, por eu ter acreditado, por eu ter fechado os olhos e aberto o coração. Eu não estava sozinha. Ou, pelo menos, não parecia estar. Não naquele exato momento, em que meu coração sangrava e estava tão apertado quanto um nó na garganta.
Depois parece que o tempo acabou dando um jeito nas coisas do lado de lá... Mas o lado de cá ficou do mesmo jeito. Porque, no fundo, gostava de sentir saudade, de amar, de esperar (porque alguém, em algum lugar, havia dito que "quem espera sempre alcança") e esse coração, meu deus!, precisava alcançar! Precisava que aquele amor todo que foi prometido de tão longe, estivesse um dia perto. E bastava esperar (pensei), foi o que fiz. E, honestamente, não me arrependo. Teria esperado de novo, e de novo, e de novo.
Futucando bem, lá atrás, também encontrei resposta para a pergunta que vive martelando na minha cabeça: "onde foi que eu errei?", e, mais uma vez, encontrei a resposta: eu não errei. O verbo foi outro, eu Amei. "E amei, ai de mim, muito mais do que devia"...
Não fui correspondida, paciência! Não fui correspondida, mas meu amor foi posto à prova. Acusaram-no de interesseiro e oportunista! Logo ele, tão imaturo, tão inocente. Como se o "objeto" de dedicação não fosse digno de ser amado. Foi talvez a primeira crueldade na nossa história. Até mais cruel que "o destino" nos separar. Não estava preparada para aquilo. Mas, como sempre, encarei de peito aberto e sem deixar a peteca cair... Acreditava em uma coisa maior.
Acredito em uma coisa maior. Sim. Ainda.
Encarei porque amor, pra mim, é decisão. E eu tinha decidido amar.
Você ama por decidir amar. Decisão equivale a "eliminar todas as outras alternativas". E eu fui eliminando, uma a uma(talvez não tivessem sido tantas, em uma única mão podia-se contar, mas eram ótimas alternativas).
Amor é algo prático, amor é ação.
Não adianta amar alguém e não fazer nada.
Não quero levantar bandeiras ao meu favor, mas eu amei. Amei e agi. Aos poucos fui me moldando ao que você achava ideal, ao que você queria que eu fosse. Perdi meus defeitos mais puros, porque você não gostava deles (tudo isso foi inconsciente, ou tentou ser). De tudo o que fui e que te incomodava, sobrou apenas o que você chama de ciúmes. Hoje sei que não passou de insegurança. E quando você disse que seu coração estava fechado, eu não apenas soube, eu tive certeza. Nesse momento eu tive milhões de certezas que antes eram apenas especulações.
Tive certeza que nos momentos em que me senti sozinha, não estava louca, estava sozinha mesmo. E que a falta de um cafuné, um afago, um elogio, não era a sua "maneira de amar", era falta de amor mesmo. E que não andar de mãos dadas na rua, não viajar sozinhos pro cú do mundo, não receber flores em datas comemorativas, era só o seu jeito de ser... Mentira... Era o seu jeito de não me amar e de dizer em caixa alta EU NÃO TE AMO. Meu deus!, onde eu estava que não vi isso? Talvez a falta dos óculos não me deixasse enxergar as coisas como elas são. Benditos óculos que agora me fazem ver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário